domingo, 4 de novembro de 2018


Portugal e os Portugueses



Ser Português é ser algo que transpõe as palavras. Para alguns é um orgulho, para outros parece ser um peso. Vamos então entrar em comparações:

Portugueses em Portugal e Portugueses lá fora.

              - Por meras ocasiões vi os Portugueses, em Portugal, visivelmente orgulhosos das suas raízes! Vi no Euro, quando fomos campeões e éramos, sem margem para dúvidas, os melhores do mundo. Durou umas horas e lá voltámos todos às nossas vidas, uns banhados no seu ser, onde nada mais importa que uns “gostos” ao seu estilo e de um egocentrismo sem descrição. Outros realistas da realidade envolvente, sobreviventes e lutadores, sem espaço para mais preocupações se não o hoje e algo do amanhã. Poucos temos ou podemos abdicar de forças para ir além disso e tentar lutar por algo diferente, algo melhor, algo mais justo!

Muitos resumem-se a não falar para não parecer mal a certos “amigos” e conhecidos. (não vá alguém criticar e assim desaparece do espelho aquele ser perfeito que em tudo tem razão…)

Outros fazem-no mas não conseguem deixar a veia populista, onde as massas “pastadas” por uns médias, com uma agenda qualquer que ninguém se dá se quer ao trabalho de analisar, e que em tudo se têm de encaixar, ganhando assim um sentimento de pertença a algo ilusório.

Agora analisemos os que estão lá fora.

Depois de viver por uns tempos lá fora, apercebi-me que uma enorme maioria dos Portugueses lá fora não abdicam do seu orgulho por um dia! Somos um dos países com uma das maiores e melhores histórias, temos catedrais e naus, lutamos contra mouros, contra Napoleão, e os Espanhóis, por muito que tentassem nunca nos subjugaram a 100%! Somos um povo resistente que nunca se deixou vergar, por muito tempo, a interesses externos que fossem contra a nossa realidade, a nossa cultura e o nosso povo! Procuramos desesperadamente por um café “Delta” com um pastel de nata e cozinhamos orgulhosamente desde a massa de pimentão, à açorda ou outro prato típico das nossas “ricas” regiões, e não deixamos passar a oportunidade de na sobremesa ter algo mais! 


Mas este é o problema! Lá fora abanamos bandeiras orgulhosamente em toda e qualquer região e muito poucos conheço que não tenham sido respeitados ou abordados por curiosos! Cá dentro… Cá dentro perdeu-se a chama, perdeu-se o amor ao nosso… Perdeu-se o sentido crítico e perdeu-se a vontade de saber a verdade…

Somos hoje um povo “formatado” para ver dois lados da política e nunca estar contente. Hoje vota-se no cor-de-rosa, amanha no laranja, não tendo sequer vontade de ver que essa escolha em nada nos beneficia, já que todos remam para o mesmo lado, o seu lado…

Sentimo-nos culpados mas não o assumimos, somos orgulhosos, mas orgulhosos daquilo em que acreditámos, e muitas vezes pode estar errado, mas não paramos para pensar nem para assumir, mesmo que internamente, esses mesmos erros! Não somos mais orgulhosos da nossa força e da nossa história, a não ser que se juntem cem ou duzentos com a mesma bandeira e gritem palavras iguais ditadas por um politico-teatral qualquer que se sente no direito de dizer o que está correcto e o que está errado!

Como…???!!! Como deixamos políticos dizer, como ouvi à dias, que os rendimentos estão a ser reposto?! Que o défice é exemplar?! Que a divida diminuiu??!!
Como chegámos ao ponto, que campanhas politicas não passem mais de um momento de populismo extremo, em que todos prometem mundo e fundos, sem noção, conhecimento ou consciência que as mentiras têm repercussões?

Que eles estão lá para nos servir, porque eles escolheram lá estar?

Já chega! Já chega de vitimização política! Já chega de mentiras!

Agora, tendo Portugal visto uma emigração em massa sem precedentes, será porque estamos contentes? Queremos nós ser substituídos? Ou só abrirá os olhos, o povo Português, no seu último suspiro? Abrirá os olhos num grito de desespero e impor-se-á toda a responsabilidade aos poucos que ficaram e ainda têm uma bolsa de ar para respirar e pedir-se-á novamente um retorno de salvação? Teremos de esperar até que um qualquer inimigo se identifique e nos subjugue de tal forma que o povo não consiga mais comer, beber ou mesmo viver??!!

Como nos tornámos assim… Como ficámos tão apáticos?

Educação? Por muito que veja certa culpa na politização da educação, também vejo que somos hoje a geração com mais “estudos” e diplomas. Mas mais importante, nunca a informação esteve tão acessível e disponível! Será caso para dizer, só não sabe e percebe quem não quer! E para muitos essa é uma benesse! Não critico quem não quer saber acerca de algo que não o implica directamente (ex: o seu trabalho, os seus gostos, etc), critico sim aqueles que não querem ver para além dos seus grupos e dos seus círculos porque isso o tornaria um “inimigo”. Um inimigo por saber a realidade. Um inimigo por tentar ser crítico, em nada destrutivo!

Doutrinação social de massas? Através de televisões e do politicamente correcto! Deixámos de ter a liberdade social para criticar algo em que não acreditamos ou desprezamos! Se o fazemos temos sempre os mesmo, que por muito que sejam poucos, nos caem em cima como que uma alcateia à espera que a presa se canse!

Vitimização de culpados e culpabilização de vítimas? Das forças de segurança aos políticos os exemplos são mais que muitos! E claro, quando não se vitimizão por não poderem, por outros interesses ou por não poderem expor a verdade, novamente, juntam-se os “mesmos” grupinhos, chamam-se mais, e lá um, no meio de tanto se gritar e nada dizer, à de encontrar um argumento para todos repetirem!

Esta é a nossa miséria!

A miséria mental de poucos, que com alguma força que lhes resta por não a gastarem em mais nada, tentam à força subjugar os outros ao mesmo tempo que com argumentos fáceis, muitas vezes falsos ou sem fundamento conseguem doutrinar os fracos! Fracos aqueles que não tentam encontrar a verdade. Fracos aqueles que por muita força que tenham para empenhar uma pá ou carregar isto e aquilo, não se preocupam com mais nada se não estar ou pertencer a algo para assim se sentirem com mais algum significado, perdendo assim a força para o que importa e empenhando-a em carregar interesses de outros em troca de uma bandeira, de um comício, de uma manifestação…
Ouve-se e aceita-se de tudo, ao mesmo tempo que se responde e se opõe a nada. Absorvem-se palavras mas não se lêem objectivos! Vê-se sapatos rotos ou mal polidos mas não se vê a mansão ou o carro topo de gama onde depois se vão esconder!


E com muita tristeza digo, este é o nosso Portugal dentro dele! É hoje, mas será amanha?

Eu acredito que melhores dias virão, não acredito sim que seja tão brevemente… O povo parece pedir mais e pior! O povo parece desesperadamente pedir que lhe tragam o pior! Parece pedir um desespero para assim apontar e culpar, não vendo que a mudança está em cada um de nós… A responsabilidade é nossa e só nossa!

Políticos vêm e vão tão depressa como mudam as estações, mas de uma coisa eu tenho a certeza: o povo Português é e será eterno!

Esta é a nossa força… Esta é a nossa miséria…




Francisco Rovisco

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