Portugal e os Portugueses
Ser Português é ser algo que transpõe as palavras. Para
alguns é um orgulho, para outros parece ser um peso. Vamos então entrar em
comparações:
Portugueses em Portugal e Portugueses lá fora.
- Por
meras ocasiões vi os Portugueses, em Portugal, visivelmente orgulhosos das suas
raízes! Vi no Euro, quando fomos campeões e éramos, sem margem para dúvidas, os
melhores do mundo. Durou umas horas e lá voltámos todos às nossas vidas, uns banhados
no seu ser, onde nada mais importa que uns “gostos” ao seu estilo e de um egocentrismo
sem descrição. Outros realistas da realidade envolvente, sobreviventes e
lutadores, sem espaço para mais preocupações se não o hoje e algo do amanhã.
Poucos temos ou podemos abdicar de forças para ir além disso e tentar lutar por
algo diferente, algo melhor, algo mais justo!
Muitos resumem-se a não falar para não parecer mal a certos “amigos”
e conhecidos. (não vá alguém criticar e assim desaparece do espelho aquele ser
perfeito que em tudo tem razão…)
Outros fazem-no mas não conseguem deixar a veia populista,
onde as massas “pastadas” por uns médias, com uma agenda qualquer que ninguém se
dá se quer ao trabalho de analisar, e que em tudo se têm de encaixar, ganhando
assim um sentimento de pertença a algo ilusório.
Agora analisemos os que estão lá fora.
Depois de viver por uns tempos lá fora, apercebi-me que uma
enorme maioria dos Portugueses lá fora não abdicam do seu orgulho por um dia! Somos
um dos países com uma das maiores e melhores histórias, temos catedrais e naus,
lutamos contra mouros, contra Napoleão, e os Espanhóis, por muito que tentassem
nunca nos subjugaram a 100%! Somos um povo resistente que nunca se deixou
vergar, por muito tempo, a interesses externos que fossem contra a nossa
realidade, a nossa cultura e o nosso povo! Procuramos desesperadamente por um
café “Delta” com um pastel de nata e cozinhamos orgulhosamente desde a massa de
pimentão, à açorda ou outro prato típico das nossas “ricas” regiões, e não
deixamos passar a oportunidade de na sobremesa ter algo mais!
Mas este é o problema! Lá fora abanamos bandeiras
orgulhosamente em toda e qualquer região e muito poucos conheço que não tenham sido
respeitados ou abordados por curiosos! Cá dentro… Cá dentro perdeu-se a chama,
perdeu-se o amor ao nosso… Perdeu-se o sentido crítico e perdeu-se a vontade de
saber a verdade…
Somos hoje um povo “formatado” para ver dois lados da política
e nunca estar contente. Hoje vota-se no cor-de-rosa, amanha no laranja, não
tendo sequer vontade de ver que essa escolha em nada nos beneficia, já que
todos remam para o mesmo lado, o seu lado…
Sentimo-nos culpados mas não o assumimos, somos orgulhosos,
mas orgulhosos daquilo em que acreditámos, e muitas vezes pode estar errado,
mas não paramos para pensar nem para assumir, mesmo que internamente, esses
mesmos erros! Não somos mais orgulhosos da nossa força e da nossa história, a
não ser que se juntem cem ou duzentos com a mesma bandeira e gritem palavras
iguais ditadas por um politico-teatral qualquer que se sente no direito de
dizer o que está correcto e o que está errado!
Como…???!!! Como deixamos políticos dizer, como ouvi à dias, que os rendimentos estão a ser reposto?! Que o défice é exemplar?! Que a divida diminuiu??!!
Como chegámos ao ponto, que campanhas politicas não passem mais de um momento de populismo extremo, em que todos prometem mundo e fundos, sem noção, conhecimento ou consciência que as mentiras têm repercussões?
Como…???!!! Como deixamos políticos dizer, como ouvi à dias, que os rendimentos estão a ser reposto?! Que o défice é exemplar?! Que a divida diminuiu??!!
Como chegámos ao ponto, que campanhas politicas não passem mais de um momento de populismo extremo, em que todos prometem mundo e fundos, sem noção, conhecimento ou consciência que as mentiras têm repercussões?
Que eles estão lá para nos servir, porque eles escolheram lá
estar?
Já chega! Já chega de vitimização política! Já chega de
mentiras!
Agora, tendo Portugal visto uma emigração em massa sem precedentes, será porque estamos contentes? Queremos nós ser substituídos? Ou só abrirá os olhos, o povo Português, no seu último suspiro? Abrirá os olhos num grito de desespero e impor-se-á toda a responsabilidade aos poucos que ficaram e ainda têm uma bolsa de ar para respirar e pedir-se-á novamente um retorno de salvação? Teremos de esperar até que um qualquer inimigo se identifique e nos subjugue de tal forma que o povo não consiga mais comer, beber ou mesmo viver??!!
Como nos tornámos assim… Como ficámos tão apáticos?
Agora, tendo Portugal visto uma emigração em massa sem precedentes, será porque estamos contentes? Queremos nós ser substituídos? Ou só abrirá os olhos, o povo Português, no seu último suspiro? Abrirá os olhos num grito de desespero e impor-se-á toda a responsabilidade aos poucos que ficaram e ainda têm uma bolsa de ar para respirar e pedir-se-á novamente um retorno de salvação? Teremos de esperar até que um qualquer inimigo se identifique e nos subjugue de tal forma que o povo não consiga mais comer, beber ou mesmo viver??!!
Como nos tornámos assim… Como ficámos tão apáticos?
Educação? Por muito que veja certa culpa na politização da
educação, também vejo que somos hoje a geração com mais “estudos” e diplomas.
Mas mais importante, nunca a informação esteve tão acessível e disponível! Será
caso para dizer, só não sabe e percebe quem não quer! E para muitos essa é uma benesse!
Não critico quem não quer saber acerca de algo que não o implica directamente
(ex: o seu trabalho, os seus gostos, etc), critico sim aqueles que não querem
ver para além dos seus grupos e dos seus círculos porque isso o tornaria um “inimigo”.
Um inimigo por saber a realidade. Um inimigo por tentar ser crítico, em nada
destrutivo!
Doutrinação social de massas? Através de televisões e do
politicamente correcto! Deixámos de ter a liberdade social para criticar algo
em que não acreditamos ou desprezamos! Se o fazemos temos sempre os mesmo, que
por muito que sejam poucos, nos caem em cima como que uma alcateia à espera que
a presa se canse!
Vitimização de culpados e culpabilização de vítimas? Das
forças de segurança aos políticos os exemplos são mais que muitos! E claro,
quando não se vitimizão por não poderem, por outros interesses ou por não
poderem expor a verdade, novamente, juntam-se os “mesmos” grupinhos, chamam-se
mais, e lá um, no meio de tanto se gritar e nada dizer, à de encontrar um
argumento para todos repetirem!
Esta é a nossa miséria!
A miséria mental de poucos, que com alguma força que lhes
resta por não a gastarem em mais nada, tentam à força subjugar os outros ao mesmo
tempo que com argumentos fáceis, muitas vezes falsos ou sem fundamento
conseguem doutrinar os fracos! Fracos aqueles que não tentam encontrar a
verdade. Fracos aqueles que por muita força que tenham para empenhar uma pá ou
carregar isto e aquilo, não se preocupam com mais nada se não estar ou
pertencer a algo para assim se sentirem com mais algum significado, perdendo
assim a força para o que importa e empenhando-a em carregar interesses de
outros em troca de uma bandeira, de um comício, de uma manifestação…
Ouve-se e aceita-se de tudo, ao mesmo tempo que se responde e se opõe a nada. Absorvem-se palavras mas não se lêem objectivos! Vê-se sapatos rotos ou mal polidos mas não se vê a mansão ou o carro topo de gama onde depois se vão esconder!
Ouve-se e aceita-se de tudo, ao mesmo tempo que se responde e se opõe a nada. Absorvem-se palavras mas não se lêem objectivos! Vê-se sapatos rotos ou mal polidos mas não se vê a mansão ou o carro topo de gama onde depois se vão esconder!
E com muita tristeza digo, este é o nosso Portugal dentro
dele! É hoje, mas será amanha?
Eu acredito que melhores dias virão, não acredito sim que
seja tão brevemente… O povo parece pedir mais e pior! O povo parece
desesperadamente pedir que lhe tragam o pior! Parece pedir um desespero para
assim apontar e culpar, não vendo que a mudança está em cada um de nós… A responsabilidade
é nossa e só nossa!
Políticos vêm e vão tão depressa como mudam as estações, mas
de uma coisa eu tenho a certeza: o povo Português é e será eterno!
Esta é a nossa força… Esta é a nossa miséria…
Francisco Rovisco